Arroz de peixe
Na véspera do jantar com os meus primos , encontrei no supermercado uma cabeça de corvina com bom ar ( o bom ar possível, quando se trata de uma cabeça de peixe , para mais separada do corpo …) e com um peso respeitável ( 3,5 Kg) , e pensei : Aí está o jantar , um arrozinho de peixe .A primeira intervenção ( ou sevícia ) que afectou a cabeça do bicho foi pedir à senhora da banca do peixe que a cortasse ao meio , pois de outra forma não caberia em nenhuma das minhas panelas . Já em casa , procurei a maior de todas as panelas e tratei de cozer ligeiramente as duas metades em água com folha de louro , 1 cebola , sal e uns grãos de pimenta . Água a ferver , cabeça lá para dentro , lume mais fraco , 10 minutos a fervilhar e apaguei o lume . Deixei cada uma das metades arrefecer na água durante 15 ou 20 minutos , e depois separei as partes comestíveis ( cada um sabe o significado desta expressão para si próprio , e aqueles que deixaram de ler assim que viram a palavra cabeça , esses, nunca saberão ) , e guardei . As espinhas voltaram para a água de cozer e estiveram mais 30 minutos a apurar todos os sabores , sucos e gelatinas que fazem parte de qualquer cabeça destas . Que era muito peixe , foi uma constatação imediata , usaria pouco mais de metade para fazer um belo arroz , e por isso metade do peixe e metade do caldo foram logo para o congelador . O resto manteve-se na expectativa do jantar . Preparativos :Assar meio pimento no bico do gás , pelar e cortar em tirasPicar duas cebolas e 2 dentes de alhoAquecer o caldo Reduzir a pó no almofariz : 5 grãos de pimenta preta , 1 colher de chá com sementes de funcho e um pouco de sal grosso para facilitar a tarefa .Abrir 1 lata de tomate pelado picado ( ainda não há tomate de jeito )Deitar azeite na panela ( a cobrir o fundo )O arroz:Comecei por fritar um pouco o alho , depois juntei uma folha de louro , e por fim a cebola – podia dizer apenas que fiz o habitual refogado – e uma boa pitada ( uma “pitadona “ ) de sal . Passado algum tempo de fritura da cebola, com remexidas frequentes e controle visual apertado, para evitar surpresas, juntei as tiras de pimento , o tomate com o “seu” líquido , as sementes moídas , uma colher de chá com açafrão e tapei . Ficou assim tudo a meditar, durante 15 minutos em lume médio . Enquanto o tempo passava no ritmo habitual ( que é muito variável) , medi 5 chávenas de arroz carolino e o caldo (14 chávenas ) . Deixei o arroz à espera de vez e juntei o caldo. Assim que começou a fervilhar apaguei o lume e telefonei para o Chico ( um dos meus primos ) para saber a que horas chegavam , pois com isto dos arrozes não se brinca . O arroz só iria para o caldo quando eles tocassem à campainha.Quando por fim a campainha tocou, eu tinha tudo a postos para a etapa final. O caldo estava quente e subi o lume para começar numa fervura ligeira onde o arroz se sentisse à vontade , provei , não me lembro se corrigi o sal ou não , e deitei o arroz que teria de passar 10 minutinhos a cozer , sem grandes agitações . A meio da cozedura , juntei o peixe repus a tampa e comecei a empurrar as pessoas para a mesa , com o pânico habitual de quem não quer ver o arroz sozinho à espera que se sentem os comilões . Apaguei o lume , deitei uns coentros picados e levei para a mesa . Todos gostaram . Sobrou apenas o que a vergonha autorizou , talvez meio prato …
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